Trópis
é palavra grega que
designa QUILHA
- a 'coluna vertebral' em torno da qual um barco é construído
-
e figuradamente "base, fundamento".
É
aparentada de trópos: "rumo, direção", ou
ainda mais:
a natureza de cada coisa entendida como seu sentido, e
com isso o "para onde vai", "destino" -
...
e aparentada também de tropikós: ponto ou linha onde as
coisas mudam de direção, turning point,
e ainda, é claro, a faixa do planeta Terra que fica mais de
frente para o Sol - e onde nós, da Trópis,
vivemos.
Em
1992 o educador Ralf Rickli propôs a palavra para designar
um movimento com duas faces: "usina de ideias"
e "laboratório de práticas", sempre com
vistas ao desenvolvimento de caminhos simples, viáveis e
efetivos para reduzir a distância entre os seres humanos -
individual e coletivamente - e a felicidade almejada.
Como
para conhecer um ser vivo, não basta ver um momento único da Trópis
para entender o que tem sido
e o que pode vir a ser: é preciso vê-la nas diferentes fases
que tem atravessado ao longo dessas quase duas décadas, e que
até agora são basicamente três: |
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Trópis
fase 1
1992-1993
Em
1992-93 o nome foi associado à produção de textos e a uma
série de palestras e rodas de conversa, sob o mote geral "pesquisa
de caminhos tropicais de conhecimento & prática".
Esse
objetivo nunca deixou de ser parte ativa dos ideais da Trópis,
mesmo quando não foi mencionado expressamente. |
Quem?
Nessa
fase tratou-se de uma iniciativa individual do educador Ralf Rickli
- clique AQUI
para informações biográficas. |
Trópis
fase 2.1
1993-1997
Inicialmente
sem intenções institucionais nem relacionado ao nome Trópis,
em 1993 Ralf Rickli começou a dar atenção pedagógica
intensiva, em sua própria residência, a um adolescente da
favela Monte Azul (Periferia Sul de São Paulo) - de
início em um trabalho informalmente complementar ao da
amplamente conhecida Associação Comunitária Monte Azul,
da qual Ralf foi colaborador por algum tempo.
Aos
poucos, novos jovens da favela Monte Azul e de outros bairros
próximos foram se juntado aos primeiros nas atividades, para as
quais foi escolhido o nome OCAs - Oficinas de
Conhecimento & Artes - além de "casa" na
língua brasílica (tupi). |
Quem?
De
acordo com o princípio "atuar para que objetos do
trabalho se tornem sujeitos do trabalho o mais rápido
possível", a Trópis
nunca considerou considerou os jovens participantes de suas
atividades como "atendidos", e sim como membros de uma
equipe que concebia e realizava atividades em conjunto.
Os
primeiros participantes da OCAs foram Wagner Oliveira
(hoje analista de TI), Gil Marçal (hoje coordenador
de um importante programa oficial de incentivo à criação
cultural dos jovens), Sânio Gomes (hoje instrutor
de ioga e marceneiro) e Anabela Gonçalves (também
atuante no setor cultural e estudante de Sociologia e
Política).
Pouco
depois juntaram-se os dois filhos de Ralf: Gunnar Vargas
(músico) e Ana Estrella Rickli Vargas (hoje
socióloga e mestranda em Ciência Política), além de Alexandre
Vaz (atuante no setor de informática em Curitiba), Marli Lana
(residente em Berlim) e Lando Alves (hoje
psicólogo). |
Trópis
fase 2.2
1998-2001
Nesta
época os jovens participantes começaram a propor frentes de
atividade específicas e a chamar amigos da escola, rua ou
família para se juntarem a elas. Destacam-se aí o Grupo
Submundo de Teatro, a banda Provisório Permanente e
o Raizen Group (mangá).
O
nome Trópis é convocado aqui a
designar um "guarda-chuva" de "iniciativas
socioculturais", e a exigência de personalidade jurídica
para conseguir apoios leva ao registro da ATDCS (Associação
Trópis para o desenvolvimento cultural e social) como uma
dessas iniciativas - passo aceito não sem resistência pelo
Prof. Ralf, que sempre considerou as diferentes formas legais de
"pessoa jurídica" pouco compatíveis com a natureza
anti-institucional das ideias fundadoras do movimento.
De
todo modo, a personalidade jurídica permitiu a realização de
projetos em convênio com o programa Capacitação Solidária,
FEBEM (liberdade assistida), TV Futura, Rede Jovem, entre
outros. |
Quem?
Mencionando
apenas os nomes nas linhas de frente:
GRUPO SUBMUNDO DE TEATRO: Gil Marçal, Carla Lopes,
David Alves, Anabela Gonçalves. PROVISÓRIO
PERMANENTE: Gunnar Vargas, Paula da Paz. RAIZEN
GROUP: Alexandre Vaz. Projeto PETECA: Alisson da Paz,
Thiago Tauan. CyberCafé Rede Jovem: Douglas Alencar.
Equipe executiva da ATDCS: Lando Alves, Ralf
Rickli - entre outros.
A
diretoria da ATDCS contou com a participação de alguns
educadores e profissionais atuantes em outras instituições,
como Francisca Marisa de Souza, Selma Saraiva e Gilberto
Valle - e houve ainda participação de destaque, como
doadores, conselheiros e outros tipos de parceiros e apoiadores,
de pessoas como Aymee Correia Rickli, Gerard Bannwart,
Gilberto Valle, Graça Cremon, Marcelo Estraviz,
Wilhelm Kenzler -
...
e de instituições como AABB Santo Amaro, Aliança pela Infância,
Associação Beneficente Tobias, Associação Comunitária Monte Azul,
Associação Sarambeque - Zunidos do Monte Azul, Canal FUTURA,
Colégio Miguel de Cervantes, Comunidade Solidária /
Comunitas, Elenko-KVA, Instituto Sou da Paz, Sirimim farmácia homeopática,
Sítio Bahia (Botucatu SP), Terra Preservada alimentos orgânicos
(Curitiba PR), entre muitos outros. |
Trópis
fase 2.3
2002-2007
Em
2002 um grupo de participantes se instalou na Região
Metropolitana da Baixada Santista (litoral de São Paulo), e
após a participação do Prof. Ralf Rickli em um congresso em
Hannover, Alemanha, conseguiu-se de organismos alemães uma
verba inicial para um projeto longamente acalentado: uma sede
fora da área urbana que pudesse servir como um centro de
estudos para o reencantamento da educação (Projeto
Oca Mundi - ver apresentação nos Arquivos
Memória Trópis). Com isso, o ano de 2004 foi
extremamente dinâmico, com a equipe levantando uma primeira
construção com as próprias mãos, em terreno de outra
entidade parceira.
Infelizmente
já em 2005 uma série de acontecimentos mostrou que não seria
viável a continuidade desse projeto naquele local. A maior
parte dos membros da equipe regressou a São Paulo com projetos
individuais, outros se dirigiram a outros Estados, e o Prof.
Ralf se instalou em Santos por um ano, onde manteve um grupo de
encontro semanal sobre Pedagogia e Filosofia do Convívio (Usina
de Ideias Trópis), desta vez com profissionais adultos. |
Quem?
As
obras da construção inicial do Projeto Oca Mundi foram
orientadas por Mario Barbariolli (Espírito Santo,
Itália, Curitiba). A equipe atuando diretamente em Praia Grande
foi constituída por Alexandre Vaz, Alisson da Paz,
Carlinhos Amaro, Cíntia Nuspl, Du Alves
Coutinho, Elfride Nuspl, Paula da Paz e Ralf Rickli,
enquanto a "embaixada da Trópis em São Paulo" era
mantida por Ana Estrella L. Rickli Vargas, Gil Marçal,
Gunnar Vargas e Peu Pereira (apresentação desse
grupo em dezembro de 2004 disponível nos Arquivos
Memória Trópis).
Em
Santos, colaboraram diretamente com o Prof. Ralf, mantendo a
experiência do "laboratório de convívio", Manoel
Guedes Jr (Ilha de Marajó + São Paulo) e Henrique
Ribeiro (Rio de Janeiro). Participaram regularmente do grupo
Usina de Ideias Cláudia Rodrigues, Eliane Pimenta,
Irene Cotrim, Ismael Sipoli, Rita de Cássia
Costa.
Apoiadores
e parceiros especialmente significativos nessa época, de
diferentes modos, foram as pessoas Alair Rodrigues, Cláudia
Rodrigues, Domingos Stamato, Isabel Kalil, Isabel
Nascimento, Rita de Cássia Costa (Santos),
Frans Schoenmaker (Holambra SP), Gabriele Janecki e Harald
Kleem (Alemanha), e as instituições ABT - Associação
Beneficente Tobias (São Paulo), ALIA - Associação
Libertária da Infância e Adolescência (Santos), ASACAR
- Associação de Amor à Criança Arcanjo Rafael (Santos), Instituto
Elos (Santos) e VNB - Verein Niedersächsigen
Bildungsinitiativen (União de Iniciativas Educacionais da
Baixa Saxônia, Hannover, Alemanha). |
Trópis
fase 3
2008 ao presente
Na
virada de 2007 para 2008 a Biblioteca
Trópis - que havia alcançado cerca de 4 mil volumes em
livros e 1250 em discos de vinil - foi trazida de volta de
Santos para São Paulo e instalada no bairro em que nasceu, numa
garagem semelhante àquela em que se deu sua fase de maior
expansão (1998-2001). Durante seis meses (abril a outubro)
tentou-se manter um ritmo semanal de encontros culturais, até
se perceber que no contexto atual a efetividade desse formato
havia se tornado muito pequena.
O
impulso da Filosofia e Pedagogia do Convívio, desenvolvidas na
ação refletida ao longo da fase 2, não só continua como se
mostra cada vez mais pertinente e urgente - porém é preciso
encontrar modos de veiculá-lo adequados à realidade atual.
Nessa
busca o Prof. Ralf Rickli passou a concentrar sua atuação na
internet,
deixando de gastar energia na promoção de encontros
presenciais - mas ao mesmo tempo dispondo-se a esses encontros
cada vez que for chamado por pessoas interessadas (ver links
na coluna à direita).
Esta
parte do trabalho pode ser chamada o RIZOMA, que numa
vida subterrânea conserva todos os elementos necessários ao
desenvolvimento de uma nova planta visível quando as
condições forem propícias para isso.
Por
outro lado, pode-se identificar claramente na São Paulo de hoje
a presença de PÓLEN emitido pela planta Trópis
em sua fase 2 - muito especialmente no movimento da Cultura
Periférica, embora não só aí: p.ex., o Manifesto do
Reencantamento do Mundo (ver
a Biblioteca
Virtual) já foi
utilizado em programas de desenvolvimento de recursos humanos
dentro da Prefeitura Municipal de São Paulo.
Por
isso chega-se às vezes a perguntar se a Trópis
acabou, nesta terceira fase: não se tem feito questão de
imprimir o nome "Trópis" nem nos grãos de pólen,
nem nas folhas que brotam eventualmente do rizoma aqui e ali -
mas, embora ainda discreto, vem crescendo o número de contatos de pessoas
antes desconhecidas que têm encontrado utilidade ou inspiração nos materiais disponibilizados na internet para seus trabalhos acadêmicos e/ou para a prática pedagógica. |
fotos
destas fases?
consulte
as páginas Foto-História!
Quem?
PÓLEN
- Em São Paulo temos identificado
"pólen Trópis" em atuações como as de Ana
Estrella Rickli Vargas (na pesquisa acadêmica e na
atuação em diferentes setores da Prefeitura Municipal de São
Paulo), Gil Marçal (em atuação independente e na
Secretaria Municipal de Cultura), Peu Pereira (documentário
"Panorama: Arte na Periferia"), Gunnar Vargas (CD
"Circo Incandescente"), Paula da Paz (na
Associação Comunitária Monte Azul e em atividades
independentes), Alisson da Paz (documentário "Curta
Saraus" com David Alves) etc. - e recentemente
recebemos relatos de sua presença no Rio de Janeiro, na
atuação de Henrique Ribeiro.
RIZOMA
- Constitui-se
no momento principalmente da atuação do Prof. Ralf Rickli na
internet (todo o domínio tropis.org, especialmente a Biblioteca
Virtual; posições defendidas no perfil no Facebook
e nos blogs pluralf no Blogspot
e Brasilianas.org
etc.) e na sua disponibilidade para Palestras,
Cursos e Grupos de Conversação Orientados.
Esperamos
poder acrescentar, dentro de algum tempo, um capítulo sobre os
trabalhos de pessoas que reconhecem a influência da Trópis
recebida à distância, através deste tipo de atuação! |

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