EVENTOS ,  GRUPOS ,  PESSOAS  &  TEMAS
mencionados e/ou linkados nesta página  (do fim para o começo!)

7  ContinuandoArte de Viver em Cículos : oficinas previstas • o diálogo Trópis-Antroposofia •  redes pra quê?

6  Momentos de Conexão  15.10.04 •  WILLIS HARMAN HOUSE
• Patricia Sogayar • Vitor Morgensztern • Marcelo Estraviz • Markus Gern & Grupo Holos

5  BOTUCATU  08-12.10.04
•  Fazenda Demétria 30 anos  : Paulo Cabrera : Celso Verardino •  lista Fórum Antroposófico  : Zeca Moraes
•  Associação Biodinâmica  : Juliana Klinko : Pedro Jovchelevich •  Site Bairro Demétria  : Ione Gomes
•  Associação Nascentes  : Eduarda Mendes : J. Batista Oliveira : Gisela Bokowske •  Site Instituto Biodinâmico
• João Batista Volkmann :  ABD-Sul  :  arroz biodinâmico  • Cristina & Adriana Abdelnur :  Fazenda Mac
• Marcelo e Rita de Cunto :  VIA PAX SC  • Luciano & Luciana Gambarini :  Sítio Jatobá MG  • Jean Claude  :  serra catarinense
• Adeodato Menezes:  Terramater , Chapada Diamantina  • Silvio Vieira :  Sabor Natural  • Prof. Chico Câmara, UNESP • Estudantes USP ESALQ UNESP etc &  Equipe Trópis &  Éder da viola :  fogueiras  &  A Arte  de Viver em Círculos ???  ) 

4 Associação Beneficente Tobias  :  Trimembração Social  : Pedro Schmidt
: Maria Carla César : Arlete dos Santos : Ricardo Javier : Henrique Pistilli
• Aureliane Lira &  Associação Guainumbi  •  Projeto SalvaDor  • artigo redes x autossustentação no site  Trópis
•  Centro Paulus : Marco Túlio de Freitas Amaral &o Espírito do Brasil

3  Oficina de Contos  : Mônica Rosales
• Beto Bianchi  Revista do Samba  • Flávio e Marilda Milanese  & medicamentos  Sirimim
•  Ciências e Artes Sociais na Sociedade Antroposófica
•  Fórum Humanização do Social  : Ute Craemer • Coralia Walter :  Lar Benjamim  • Família Schoenmaker

2 Convívio interdimensões em R.Steiner & na cultura brasileira: Instituto Rudolf Steiner, Curitiba : Lorien Zanini 

1 Encontro de Três Continentes em Praia Grande: Brasil, África do Sul, Alemanha : Millenium Village : Harald Kleem

1.

Millenium Village visita Oca Mundi

Alguma coisa parece estar acontecendo… além de todas as outras, é claro, com que já estamos acostumados na rotina!

Em apenas 20 dias de outubro fiz mais contatos, conexões e reconexões, que em vários anos da minha vida… e parece evidente que não está sendo assim só para a Trópis e para mim!

Resolvo relatar & refletir um pouco, começando em 1.º de outubro…
mas aí reparo que a coisa vem de antes, agora apenas se intensificou. Na Trópis creio que começou no Encontro de Três Continentes, em 28-29 de junho.

Fora membros da Trópis visitantes brasileiros, eram 31 alunos e professores de de uma região considerada pouco desenvolvida na Alemanha, mais 4 sul-africanos das townships de Pretoria – de passagem para 10 dias em Visconde de Mauá, na Mantiqueira Fluminense, onde já há alguns anos se desenvolve junto a uma escola estadual o Projeto Millenium Village – mais uma proposta do criativo educador alemão Harald Kleem (ex-UNESCO, camiseta branca na foto abaixo).

Na noite em que os recebemos em nosso galpão ainda sem paredes, uma colaboradora da Trópis olhava a cena de fora enquanto amamentava sua filhinha, quando lhe veio a imagem de cores iridescentes girando por sobre as pessoas que conversavam no galpão, mesclando-se e entretecendo-se em combinações renovadas…  

E com isso a percepção do CONVÍVIO, objeto central do trabalho da Trópis, em sua dimensão de sacramento.

 mais sobre a Millenium Village e projetos correlatos você encontra em www.mirantao.de

• mais FOTOS da visita à Trópis em Praia Grande em www.tropis.org/ocamundi/mv2004.html

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2.

o  IRS  de Curitiba
e o CONVÍVIO em
mais dimensões…

Passados alguns dias e uma viagem cheia de imprevistos, ao desembarcar em Curitiba em 06 de julho tive a clara sensação de que a vida de repente era outra, tanto em termos pessoais quanto profissionais. Mas outra como? “Aguarde!” 

Seriam 10 dias de férias (os primeiros em 7 anos), mas aceitei compartilhar com amigos do Instituto Rudolf Steiner um pouco do trabalho que vinha realizando para a Sociedade Antroposófica no Brasil: a tradução do volume 168 das Obras Completas de Rudolf Steiner, Os Vínculos entre os Vivos e os Mortos e outras conferências em tempo de guerra – colocando seu conteúdo em diálogo com visões correntes na cultura cotidiana brasileira.

Relato isento? Análise de textos e de culturas? De repente era mais. Era o CONVÍVIO afirmando a si mesmo, não apenas entre as pessoas-existentes-pelo-registro-civil que se olhavam naquela roda, mas com uma imensa rede de forças e de consciências, ligadas a cada pessoa e interagindo através de incontáveis dimensões… 

Era esse convívio fazendo-se auto-evidente, como dizendo “de agora em diante alegar cegueira diante do sutil é mera desculpa, pois as barreiras não são mais reais… Estamos nos seus pensamentos e sentimentos o tempo todo, e somos um mundo só”.

O que era pra ter sido um mero compartilhar descompromissado de informações…

• o GA 168 de Rudolf Steiner deve estar disponível em forma de apostila na virada 2004-2005. Acesso às apostilas e outras informações da Sociedade Antroposófica via www.sab.org.br 

• Instituto Rudolf Steiner de Curitiba: contato através da jornalista Lorien Marta Zanini, lorien@italiaoggi.com.br

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Estivemos de novo em Curitiba em 03 de setembro com 
A ARTE DE VIVER EM CÍRCULOS
e as diferentes formas de ser organismo
no encontro da Associação de Funcionários da EMATER…

e com uma continuação do trabalho anterior
no Instituto Rudolf Steiner.

3.

começando Outubro…

Aí de repente em setembro começaram a chover convites…

E em 1.º de outubro me vi em um… jantar medieval… na interessantíssima casa de nossa colega de Emerson College, a terapeuta artística Mônica (Srur) Rosales. Mônica e colaboradoras abriram a noite com uma apresentação-demonstração da sua Oficina de Contos – a arte de contar histórias.

Oficina de Contos www.oficinadecontos.com.br • 11 9185-2121 (Mônica Rosales)

A história narrada era fantástica – porém não mais que a temporada de reencontros que se abriu no mesmo momento… e continuou. Além da própria Mônica, que não via há 10 anos, revi Beto Bianchi – “o do violão” no meu segundo ano de Emerson (1980-81) – o qual contou do belo trabalho de resgate dos sambas clássicos que vem fazendo com o grupo Revista do Samba, com seu primeiro CD em Berlim…

Revista do Samba  www.revistadosamba.com.br 

… e o querido casal Flávio e Marilda Milanese, que desenvolve os mais fantásticos medicamentos e processos farmacêuticos na Sirimim, dentro de um quadro estonteante de referências científicas, culturais e esotéricas. Para ter idéia, Flávio veio conversar sobre a tradução dos versos italianos de Dante onde identificou toda uma seqüência de processos alquímico-farmacêuticos!

Sirimim aprimoramento da arte farmacêutica www.sirimim.com.br

E estava só começando…

…  

Mais dois dias e estava num encontro de iniciativas sociais com inspiração antroposófica. O grupo trabalha, entre outras coisas, com a idéia de criar no Brasil uma Secção de Ciências e Artes Sociais (análoga à de Ciências Sociais existente na Escola Superior Livre de Ciência Espiritual, mantida pela Sociedade Antroposófica Geral). Trata-se de uma linda idéia, inclusive pela inclusão da palavras artes – porém estruturalmente interna à Sociedade Antroposófica. 

Por outro lado, são incontáveis as frentes de atuação aberta na sociedade, mantidas pelas pessoas e instituições presentes no grupo! Como ponto de referência indicamos o site do Fórum pela Humanização do Social, liderado por Ute Craemer

Forum pela Humanização do Social www.humanizar.com.br

… mencionando ainda a aguerrida atuação de Coralia Walter, que em permanente luta contra os dragões da burocracia e da indiferença dá um jeito de manter suas crianças no Lar Benjamin… 

Lar Benjamin coraliawalter@hotmail.com 

… e a incrível família Schoenmaker, com base em Holambra (empresa Terra Viva), da qual parece que nunca terminamos de conhecer os membros comprometidos a fundo com trabalhos de transformação social! (Nosso apoiador Frans… Jos, que conheci no fundador curso de Pedagogia Social de 1979…  e agora Dick & Rosa…) 

Encontro no Centro Paulus
04-05.10.2004

Coralia Walter (Lar Benjamim)
Maria Carla Cesar (ABT)

Representantes do 
Projeto SalvaDor 
(Bahia)
projetosalvador@ig.com.br

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4.

o convite da ABT … 

E também de repente nos vimos convidados a um encontro pela ABTAssociação Beneficente Tobias, junto com mais 18 iniciativas educacionais e/ou sociais que recebem seu apoio. (Juntando as iniciativas agrícolas, médicas, artísticas, culturais e outras, são quase 60!)

Para quem ainda não conhece, uma rapidíssima introdução (no nosso tom pessoal): a ABT é o legado de um homem que fez sua auto-revolução: Sr. Pedro Schmidt. Em outras palavras: uma pessoa que levou absolutamente a sério a compreensão sobre os processos sociais e econômicos adquirida no estudo da Trimembração Social (link adiante), e ousou fazer em sua própria vida o que havia entendido ser historicamente correto e necessário: não doou rendimentos, e sim criou uma forma de posse social para o que antes era capital privado. Hoje são os dividendos da indústria Giroflex, e não doações voluntárias arbitrárias, o que ajuda essas quase 60 iniciativas a executarem suas funções que, por natureza, não podem ter caráter propriamente lucrativo.

Mais sobre a ABT  www.sab.org.br/des-org-soc/assoctob.htm

Para uma apresentação tropisiana da  Trimembração Social de Rudolf Steiner, ver
www.tropis.org/biblioteca/trimembracao.htm

Acontece que com o crescimento do número de instituições envolvidas, as graduais reestruturações internas etc… foi surgindo uma distância entre apoiadora e apoiadas…

… boa parte das quais, por sua vez, não se conheciam entre si – isso num tempo que exige, corretamente, o abandono das conexões “em árvore” (via ponto central) em favor das conexões em rede.

Foi então com enorme alegria que a Trópis se viu convidada a esse oportuníssimo encontro, onde pôde conhecer e começar a entabular relações potencialmente produtivas com tantas iniciativas-colegas co-apoiadas – e com tantas pessoas humanas incríveis!

Não cabe detalhar aqui o conteúdo dos trabalhos, mas cabe agradecer pela valente atuação das executivas Maria Carla César e Arlete Pires dos Santos, bem como pela fina atuação dos consultores Henrique Pistilli e Ricardo Javier

… e compartilhar (ainda em versão provisória) o estudo Sustentabilidade, Trimembração e Redes, que a Trópis ofereceu no encontro à consideração das demais instituições presentes.

Sustentabilidade, Trimembração e Redes e outros textos sobre ConvivialismoCooperação Interinstitucional etc.: ver www.tropis.org/biblioteca

Cabe ainda um duplo reconhecimento a Aureliane Lira, da Associação Guainumbi: pelas fotos do encontro que compartilhou via internet – e pelo inacreditável heroísmo com que conduz seu trabalho com jovens e adultos portadores de deficiência mental, na periferia paulista – o qual sem dúvida merece ser mais (re)conhecido!

 Associação Guainumbi
www.sab.org.br/pedag-cur/guain-port.htm • associacaoguainumbi@ig.com.br

   

Exercício de sintonização 

(parte das oficinas 
A Arte de Viver em Círculos
)

oferecido aos colegas pelos representantes da Trópis

Centro Paulus, 05.10.2004

… e o Centro Paulus

O encontro se deu no Centro Paulus, em Parelheiros… que freqüentei muito em seus primeiros 9 anos de existência (1981-90), e depois disso só havia visto, e de passagem, em 94. 

Era um lugar legal, naquele tempo – mas agora, de repente… 

… o encontramos transformado numa… realização portentosa, em níveis que vão bem além do olhar superficial! Seu administrador atual, Marco Túlio de Freitas Amaral, o transformou numa supreendente mostra de arte popular brasileira – sem prejuízo da funcionalidade nem desarmonia com o elemento antroposófico-europeu que também vive aí, impregnado já na própria construção. 

Com a participação ativa de ainda um terceiro elemento – o da natureza nativa, especialmente a flora – pressentimos que nessa obra de arte ambiental se deu a primeira grande realização conjunta, de efetiva parceria, entre o Espírito Brasileiro e o Espírito da Antroposofia – a qual contemplamos com encantada e calorosa reverência. Namastê!

Centro Paulus www.centropaulus.com.br 

… ÍNDICE DESTA PÁGINA

  

5.

BOTUCATU,
8-12 de outubro de 2004

Passei como curioso pela Fazenda Demétria em Botucatu em 1978 – quando ela tinha 4 anos de fundada: uma casa central, um estábulo e algumas casas tradicionais de peões (detalhe: em área comprada e desprivatizada pela ABT…)

Morei no seu entorno de 1987 a 91, trabalhando numa das fontes do que é hoje a Associação Brasileira de Agricultura BiodinâmicaLecionei aí a dezenas, talvez centenas de estudantes, num clima misto de profundidade, inspiração e liberdade que ainda não vivenciei em outro lugar…

… até agosto de 1990, quando o destino me lançou a mais de uma década de ‘peregrinação’ por áreas que muitos consideram os porões da cultura brasileira (e que eu era tão menor por não conhecer!)

Em 2004 a comunidade do hoje Bairro Demétria (que reúne mais de 500 moradores… não exatamente comuns…) decidiu comemorar os 30 anos do seu passo inicial, que é ainda o passo inicial da Agricultura Biodinâmica no Brasil, juntamente com os 80 anos da Agricultura Biodinâmica no mundo.

Convidado, apareci com seis “filhos” (jovens da equipe da Trópis) e dois “netos”, para (entre outras coisas) darmos juntos uma oficina em três sessões, sobre A Arte de Viver em Círculos. Depois de 14 anos me vi falando mais uma vez em Botucatu.

Não era só eu, é claro: houve dezenas de oficinas simultâneas em 4 dias, 8 palestras e painéis de fôlego, centenas de visitantes acampando ou alojados nas pousadas e/ou residências locais… Um verdadeiro festival, de uma densidade transcendente e supreendente…

… e sobretudo um festival de conexões… e re-conexões.

 

Um verdadeiro relato do que foi Botucatu 2004 não cabe aqui – seria um livro!
Vou é anotar dez impressões fragmentárias da experiência da Trópis no encontro… mais alguns nomes… e alguns links.

1. Sexta 08/10 embarcamos na Balbina, nossa kombi, 7 adultos, 3 crianças, tralhas de acampamento. Já de saída é preciso subir a Serra do Mar, e rezamos que o motor agüente ainda essa viagem. A Trópis não tem caixa pra bancar a viagem de ônibus, mas achamos essencial que nossa turma tenha essa experiência.  

Jovens saídos todos da periferia metropolitana, lutando juntos pela construção de algo alternativo fora do espaço urbano… mas… não será delírio isso? Nunca viram que não é só uma idéia da Trópis, que muitos já fizeram isso. Com diferenças nas propostas, sim, mas… e daí? Viver com a diferença é ponto de honra pra nós!

2. A Balbina não agüentou… O motor deu o último suspiro no Km. 46 da Rodovia Castelo Branco, e fomos rebocados até um posto. Aguardamos o próximo ônibus para Botucatu, daqui a 3 horas. Como passar o tempo?

– Fazendo uma reunião, oras! 3 horas nunca chegam para isso!

Numa pausa da reunião (sim!) reparamos num micro-ônibus parado no posto. Novo, vazio. Seu trajeto, para 10 vezes mais longe, passa por Botucatu. Milagres acontecem: o motorista acaba topando levar a gente!

3. Alojamento de emergência na Associação Nascentes. Jovens alunos do velho colega Tita acampados em volta. Fazem uma fogueira. Amigos trazem uma sopa cheirosa para nós e o motorista… e pão de uma qualidade que há anos não podíamos comer… Difícil não se emocionar! E quanto espaço, meu Deus! Eu já vivi assim, e estava esquecendo! Nas metrópoles, mesmo no litoral, a gente nem lembra que pode ser assim.

4. Dia seguinte: oi! oi! oi! Não lembrava que conhecia tanta gente por aqui… E os que vem de longe, e foram alunos há 12, 15 anos… Mas o mais supreendente são os que eu não conhecia, e começam um após o outro: “eu trabalho com preparados biodinâmicos e uso seu livrinho; legal te conhecer!” 

O livrinho?!? Meu Deus, ele ainda existe? Parece que foi em outra encarnação!!! Um pequeno manual, compilação de traduções, Os Preparados Biodinâmicos, introdução à preparação e uso, feito há 20 anos… Percepção gritante e imediata do carma (felizmente positivo nesse caso…): as conseqüências do que fazemos estão soltas e vivas no mundo, e acabam nos achando, não importa se não nos lembramos de ter feito… 

5. Oficina A Arte de Viver em Círculos: abrimos 20 vagas; por muito choro deixamos participar mais 10 na primeira sessão. Na segunda encontro uma multidão na porta. O quê!? Nada menos que 50 pessoas querem participar! Dividimos o grupo, e metade conversa com os jovens da Trópis, outra metade trabalha comigo. 

Na saída descobrimos que ganhamos amigos, apoios, sacos de arroz… Meu Deus, quantas campanhas de captação fizemos e não deram resultados! E aqui que não estávamos pensando em captar nada… E essa agora, senhores teóricos do Terceiro Setor Profissional?

6. Nas refeições, 2 tropeiros de cada vez vão comer na Pousada Arco Íris ou na Casa Somé, por cortesia da Associação Biodinâmica. Os outros comem, junto com estudantes e agricultores, da refeição subsidiada pela Demétria com produtos seus e doados por outros produtores como J.B.Volkmann. Pratos na mão, improvisando onde sentar ao ar livre ou nos galpões… e no entanto que privilégio! 

A simplicidade do preparo põe em evidência a qualidade do alimento em si, e… mais uma vez: meu Deus, eu não lembrava que podia ser assim! 

Durante dias, na volta, todos do nosso grupo olhavam com hesitação e tristeza as… ‘cascas’, os simulacros de alimento deixados ao relativo alcance do povo – nosso alcance – para fins de sobrevivência – pois Vida é outra coisa, como essa que percebemos ao mastigar esta cenoura e este arroz, sem saber como explicar…

Mas… já existe agricultura orgânica e biodinâmica no Brasil: não é só uma questão de opção? 

Não, não é uma questão de opção – e quem vive há 10 anos entre populações periféricas sabe bem disso. Como tornar o acesso a um bom alimento, a uma boa educação, uma questão de opção? Assunto para décadas, senhores… e isso se o atacarmos depressa! 

7. Não há como não admitir. Depois de tantos anos construindo uma sensibilidade mais direta para níveis sutis da realidade… existe aqui uma certa qualidade no ambiente, e que flui através de nós com esse alimento, a qual se deve especificamente ao uso dos tão estranhos e polêmicos preparados biodinâmicos propostos por Rudolf Steiner em 1924. Estranhos e polêmicos, sim: com todos os estudos científicos já realizados, e com toda a linguagem química utilizada pelo próprio Steiner, não há o que tire desses preparados a cara de magia.

(Mas… é preciso tirar? E o que quer dizer magia, no final das contas, essa palavra cognata de makemachenmáquina? Isso seria assunto para um ensaio em si…)

(Tampouco estamos aqui dizendo ‘deve-se usar os preparados!’… NEM ‘não se deve usar’! Isso também seria outro artigo! O que estamos dizendo é: existe uma qualidade no ambiente e no alimento, densa e viva, que se deve ao uso dos preparados… A qual fica ainda mais evidente através do processo que vamos relatar no ponto 9…)

8. À noite vão acabando todas as atividades oficiais… e aparece uma fogueira. Dali a pouco violas, violões.  Desconhecidos que dali a pouco estão ligados por profundo sentimento de vivência em comum… Meu Deus, isso não pode se perder! Que tudo o mais desapareça da Terra, não isso!

(Viola caipira ‘chorada’ ao modo clássico de Botucatu… S.Paulo-capital estava me fazendo esquecer que existe uma outra coisa chamada S.Paulo que é parte do Brasil, que reconhece e é reconhecida por esses outros 140 milhões que, a despeito da mídia paulistana, ainda dão o tom principal do que é Brasil…)

9. Só de volta em São Paulo descobri que foram os jovens da Trópis quem teve a iniciativa da fogueira! Pediram licença ao Paulo Cabrera que, conhecedor experimentado da importância dessas coisas, não só autorizou como ajudou. 

Uma vez dado o primeiro passo vinham outros, usavam, mantinham, iam embora e outros assumiam… Mas alguém começou, para todos, sem se achar dono… E foram os jovens da Trópis! Então… funcionou! Se eu tinha alguma dúvida, agora eu sei: funcionou!  

Senhores: a fogueira foi um órgão importante, que ajudou muito no sucesso total do encontro – mesmo se outros organizadores talvez nem saibam que ela existiu! 

Pois não são só pessoas visíveis que fazem círculos em torno de uma fogueira: legiões de seres pequenos e grandes, tudo o que tem base no plano chamado etérico ou elementar, ganha oportunidade de se organizar e atuar quando um grupo faz uma roda… (Nomes? Não aqui!… Se alguém quiser conversar sobre isso me escreva…)

E se houver fogo nessa roda? E se ainda houver movimento, dança? Mundos dançam, quando isso acontece, e ganham melhores condições de atuar. Pessoas sonham, descansam, acordam inspiradas num raio de quilômetros… sem nem saber… 

10. Nós da Trópis aprendemos e ganhamos muito nesse encontro – é impossível registrar o quanto! Mas temos a enorme satisfação de saber que não fomos apenas receptores, mas também contribuímos. Nem que tenha sido apenas com essa fogueira, que ajudou a fazer presente a forma do círculo – em todas as dimensões.

O encontro todo foi, afinal, um imenso exercício da Arte de Viver em Círculos (que naturalmente não é uma invenção da Trópis – pelo contrário: a Trópis é que é uma invenção ‘dessa arte’, para seu serviço). Ainda existiram aqui e ali discursos com tom de competição, de ataque a posições dos diferentes (em lugar da mera afirmação da sua posição)… mas não predominaram, não deram o tom. No fim o que ficou no ar no fim foi o perfume do pluralismo, da paciência com os diferentes, do CONVÍVIO… 

… os valores que são cobrados da humanidade, agora, em primeiro lugar – pois sem eles primeiro nem teremos a chance de cultivar nenhum outro valor!

   

grupo da Trópis
presente em
Botucatu 2004

• Alisson Alves alidapaz@tropis.org 

• Ana Estrella L. Rickli Vargas estrella@tropis.org

• Carlinhos dos Santos carlinhos@tropis.org 

• Cíntia Nuspl Oliveira artemis@tropis.org & os filhotes Eros Tauana

• Eduardo (Du) Alves Coutinho du@tropis.org 

• Paula da Paz dapaz@tropis.org 

• Ralf Rickli rr@tropis.org  

ALGUMAS PESSOAS & LINKS
que marcaram fortemente a Trópis no evento Botucatu 2004

• curiosamente, nossa ida a Botucatu provavelmente não teria ocorrido sem os contatos feitos através da lista de internet Forum Antroposófico… mantida a partir de Curitiba por Zeca Moraes, que não estava em Botucatu… Crédito à lista, e ao Zeca! Para participar, mandar um e-mail SEM TEXTO, DA CONTA QUE VOCÊ PRETENDE USAR, para forumantroposofico-subscribe@yahoogrupos.com.br 

• a bióloga Juliana Klinko foi verdadeira embaixadora da Trópis na Associação Brasileira de Agricultura Biodinâmicawww.biodinamica.org.br – dentro da qual, sem falar de todos os outros amigos, foi muito bom conhecer o  agrônomo-gerente Pedro Jovchelevitch. (

• fonte das FOTOS do evento: Associação Biodinâmica (link acima) e Instituto Biodinâmico www.ibd.com.br

• na organização de nossa palestra extra-evento, e de dez mil coisas, Eduarda Mendes (será chato mencionar aqui seu brilho nos debates da lista Fórum Antroposófico?) – com a participação de João Batista de Oliveira (Tita), dGisela Bokowske e de Ione Gomes – esta responsável pelo site www.bairrodemetria.com.br  que dá um panorama e muitos links para a rica vida do lugar…

• Paulo Cabrera, velho colega de Emerson College, hoje administrando a Demétria – e toda sua equipe – destacando o encontro com Celso Verardino, que não cultiva apenas hortas mas tanta coisa mais… 

• João Batista Volkmann, que lidera no Rio Grande a ABD-Sul, produz arroz biodinâmico (www.volkmann.com.br) e muito mais que isso no plano humano…

• as irmãs Cristina Abdelnur Adriana Abdelnur, portadoras de propostas e perspectivas interessantíssimas em torno da área apresentada em www.fazendamac.hpg.com.br 

• Velhos amigos queridos, uma vez alunos, como Marcelo & Rita de Cunto, que trabalham com orgânicos e biodinâmicos em Santa Catarina na Via Pax  www.viapaxbio.com.br – ou Luciano & Luciana Gambarini no Sul de Minas, Sítio Jatobá, www.jatobaorganico.com.br, que mesmo não estando em Botucatu nos reencontraram pelo artigo na edição comemorativa da revista Agricultura Biodinâmica www.biodinamica.org.br … 

• e amigos novos como o advogado Ulisses Bocchi… como Jean Claude, chezjeanclaude@hotmail.com, que organiza fabulosas viagens a pé pela serra catarinense… ou Sílvio Vieira, que distribui alimentos Yamaguishi na Sabor Natural www.sabornatural.com.br… ou Adeodato Menezes, que trabalha com biodinâmica e turismo rural ecológico na Terramater faz.terramater@terra.com.br, na incrível Chapada Diamantina na Bahia…

• e o Prof. Dr. Chico Câmara, da UNESP… e os estudantes da USP que nos acolheram na volta em seu ônibus, carros & casa (valeu, Silvana!), Gabriel Sollero, da ESALQ, que acabou nos ajudando a levar a kombi Balbina de volta a S.Paulo… e o ‘violeiro agronômico’ Éder que oficiou junto à fogueira noite após noite, e tantos, tantos, tantos amigos antigos e novos que nem se deve tentar nomear… 

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6.

Momento do Conexão
na Willis Harman House

Como se não bastasse… 

Ao amanhecer (7:30!) do terceiro dia (após o evento) estamos convidados para um… Momento de Conexão na Willis Harman House – um espaço  (aparentemente?) tão diferente, que abriga em São Paulo as seguintes iniciativas internacionais: AntaKarana, Institute of Noetic Sciences, World Business Academy, The Club of Budapest e The Natural Step… 

Willis Harman House  www.willisharmanhouse.com.br

Quem nos convida é Patricia Sogayar, que vai relatar sua viagem de quase um ano através de iniciativas renovadoras na Europa, África, Oriente Médio, Índia e… Brasil. Entre elas a Trópis, em S.Vicente / Praia Grande.

Patricia Sogayar  www.ellerni.org • patricia@ellerni.org 

Para minha surpresa somos recebidos por… Vitor Morgensztern, autor do livro Administração Antroposófica (S.Paulo: Ed.Gente, 1999). 

Surpresa por quê? Porque no primeiro curso antroposófico da minha vida, Pedagogia Social com o holandês Lex Bos, em janeiro de 1979, lá estava também… Vitor Morgensztern. E é ele quem organiza e apresenta esses… momentos de conexão!

Preciso sair logo para encontrar nosso amigo, do conselho consultivo da Trópis, Marcelo Estraviz. Mas não consigo, pois após a apresentação o papo esquenta… Entre tantas pessoas incríveis, a conversa se aprofunda com Markus Gern, que acaba de falando da Grupo Holos, em que ele atua junto a Thomas Ufer e muitos outros.

Grupo Holos  www.holosgroup.org 

Saio em busca do Marcelo e deixo Markus conversando com Patrícia. Dali a pouco ele também sai e vai em busca do seu amigo… Marcelo Estraviz – que ele nem sabia conhecer esse tal Ralf e essa tal de Trópis!

   

7.

E AGORA, TRÓPIS?

próximos passos
um esclarecimento
uma reflexão

Neste (já!) final de 2004 a Trópis se vê interiormente mais forte que nunca… e exteriormente quase invisível… quase ‘desmaterializada’: equipe mínima, um espaço de trabalho que está difícil terminar de reformar, atividades públicas locais quase suspensas…

Sabemos com absoluta clareza que não há nada de errado nisso: que de tempos em tempos as plantas precisam se resumir na forma de sementes para poder se renovar, e crescer de novo mais fortes e saudáveis em novas condições.

Talvez por isso desde julho – desde o momento em que os visitantes do Millenium Village seguiram viagem – todas as atividades importantes da Trópis se deram ‘por aí’… até as reuniões já andamos fazendo na beira da estrada…

Saber jogar o jogo que o momento propõe: não vemos nisso nenhuma leviandade ou amadorismo e sim, ao contrário, a única atitude sábia possível ao gerenciar ou administrar. E não é só à Trópis que o momento está pedindo um “absurdo” desprendimento e confiança neste momento de compulsória e ainda nem compreendida renovação!

Talvez estejamos percebendo de modo especialmente agudo porque escolhemos o nome Trópis, que quer dizer ‘quilha’, com todas as suas implicações…

Jogando com o momento, o que ganhou mais peso atualmente entre nossas atividades foram as oficinas: A ARTE DE VIVER EM CÍRCULOS e outras (divulgação em breve). As próximas previstas são:

• A Arte de Viver em Círculos em CURITIBA: 24-25.11.2004
• A Arte de Viver em Círculos na BAIXADA SANTISTA: 03.12.2004

Nos dois casos, aguardamos confirmação de detalhes antes de divulgar mais amplamente. Mantenha-se informado (sobre essas duas oficinas e sobre outras possibilidades) pelo nosso e-mail (clique aqui), ou pelos fones 13 3479-1738 ou 3594-5095

Para lá dos rótulos

É forte neste relato a presença do pensamento e das linhas de trabalho originados no pensador Rudolf Steiner: a Antroposofia. Pode estar no ar a pergunta: 

– O trabalho da Trópis é antroposófico? 

Bem… uns diriam que sim… outros diriam que não… E nós? 

• Trabalhamos em profundidade essa questão em 2003 nos 4 artigos reunidos sob o título Trópis e Antroposofia em Diálogo, acessíveis em www.tropis.org/biblioteca

• A Trópis optou, sim,  por deixar fluir através de si a imensa riqueza de pistas de conhecimento que foi legada por Rudolf Steiner – pela qual é grata… – mas deixa também fluir riquezas de muitas outras fontes.

• Honestamente, para nós a pergunta não faz muito sentido, pois é uma forma de rotular, que (junto com Goethe e com o próprio Steiner) vemos como o contrário de realmente conhecer: a Trópis (como você, como eu, como qualquer outro) é o que só ela é.

Tanto que… boa parte das conexões e re-conexões desta temporada foram com pessoas e instituições que também deixam fluir através de si a informação antroposófica – coisa que não planejamos mas foi um lindo reencontro… 

… porém este relato começa e termina com contatos que se auto-definem por outros referenciais.

A parte quaisquer rótulos, porém, identificamos em todos estes contatos uma coisa em comum: uma disposição de estar antenados para as melhores, as mais saudáveis e mais belas possibilidades contidas neste momento como potencial para o futuro; antenados para o que o espírito dos tempos, que faz sempre novas todas as coisas, tem a nos propor precisamente agora.

E desconfiamos que ele esteja nos falando agora justamente de… desprendimento e confiança para transformações aceleradas… e do significado e alcance das conexões.

Redes pra quê…?

Nos mesmos dias do seu Momento de Conexão, Patricia Sogayar me convidou para o Orkut – o programa da internet que tenta fazer uma apresentação visual das redes de conexões entre pessoas.  Depois de alguns dias de experiência, me peguei escrevendo a um amigo: 

Acho que o Orkut foi inventado apenas para conscientizar a gente de que JÁ vive em rede, o que precisa é assumir…

E pesquisando os links para esta página, tive a surpresa de encontrar num material da Associação Guainumbi a afirmação de… Sartre (!) de que ninguém é livre sozinho.

Ora, tão surpreendente essa afirmação não é. Mais supreendente é seu encaixe no resto da citação:

De um lado, o amor é uma história de respeito à liberdade do outro. De outro lado, é uma busca contínua de fazer respeitar a própria liberdade. Daí que ninguém é livre sozinho.

Amor?!??? O que é que essa palavra tão… vulgar pode ter a ver com uma coisa tão científica e moderna como redes?…

… Amor??!?…

Navegando no próprio Orkut começo a me perguntar sobre que impulso pode andar levando pessoas a buscar o networking, o conectar-se em rede:

• Construir redes de admiradores para alimentar minha vaidade?

• Redes para agilizar meus negócios e maximizar meus lucros pessoais?

• Ou para ficar passando o tempo, pois não temos mesmo lá muito o que fazer, e os problemas do mundo são responsabilidade de alguém aí, quem sou  eu  pra me preocupar com isso?

Mas falávamos de  amor…  Isso nunca foi nada de muito prático, admitamos… Se Jesus Cristo disse que toda lei se resume em “que vos ameis uns aos outros”, que diferença isso faz na prática? E desconfio que tem gente  nunca  vai se sentir bem com esses papéis de carta de corações e ursinhos!

Ou haverá outras formas de entender o que seja amor?

No correr de nossa busca, na  Trópis , por uma  revolução ética na micro-estrutura do cotidiano,  chegamos a definir  amar  como “assumir e carregar responsabilidade sem ser externamente forçado a isso”.

Tentando aplicar  essa  compreensão às tais palavras of Jesus Cristo, não chegaremos  precisamente  à formulação de Paulo de Tarso em Gálatas 6:2? 

Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.

E tentando imaginear uma estrutura em que cada parte carrega o peso das outras, não chegaremos precisamente à imagem de  uma rede? 

Para mim isso não tem nada de ‘romântico’, mas é eminentemente prático:  redes são o modo que o Universo inventou para que ele mesmo e cada uma de suas partes não sucumbam ao seu próprio peso.

What’s the point? What’s the point?  What  ‘s the point  What’s  the point?

PS: ele também disse:
EU vim para que tenham Vida – e Vida em abundância!

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